Carta aos petistas: MOMENTO DE REAGIR
Se quiser manter alguma esperança de eleger Dilma Roussef em 2010, o PT precisa mobilizar-se imediatamente. A supervalorização da popularidade do presidente Lula mergulhou o partido numa apatia condescendente, agravada por conflitos internos vazios e desagregadores.
A visibilidade midiática de críticos e desertores, sob o silêncio dos governistas, fortalece o mito da desilusão do petismo histórico. Urge conclamar intelectuais, artistas e demais celebridades a posicionamentos públicos sobre a campanha presidencial, demonstrando comprometimentos pessoais inequívocos.
À militância cabe posicionar-se imediatamente acerca de uma eventual coligação com o PMDB. Ela será decisiva para as chances eleitorais de qualquer candidato, e não apenas graças aos importantes minutos nos horários eleitorais. Alianças de envergadura nacional costumam ser indigestas e exigem condescendências; seus limites merecem discussões pragmáticas, livres de purismos ideológicos.
Um pedido aos senadores e deputados do PT: abandonem a pantomina da indignação tardia. Se o fardo é insuportável, tenham a honradez de entregar os cargos de seus correligionários em todos os escalões do governo e iniciem um novo projeto político. Mas, em nome da transparência, ou por simples espírito republicano, parem de agir como se não soubessem o que está em jogo.
Apropriando-se das conquistas da administração atual, com a vitrine da Copa do Mundo, José Serra seria facilmente eleito presidente. Depois, as fortunas advindas do pré-sal financiariam também seus sucessores, perpetuados num período inimaginável de continuísmo. Mesmo que então surgisse uma nova liderança progressista viável, os danos da hegemonia tucana já estariam irremediavelmente consolidados.
Essa é uma forma indigna de desperdiçar todos os esforços gastos em quase trinta anos de lutas e sacrifícios.
Guilherme Scalzilli, historiador e escritor.
Publicado na revista Caros Amigos, número 151, outubro de 2009.
Um comentário:
Perfeito e muito oportuno essa discussão.
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