sábado, 31 de outubro de 2009

O autor compreende as mentes desde o passado colonial


Mais uma dos meus "guardados".
Resenha do livro: Aproximações - Estudos de História e Historiografia, Fernando A. Novais.
Ao procurar o homem por trás da política, o autor compreende as mentes desde o passado colonial.
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Podemos, se leigos, deduzir deste livro os modos que originaram o que somos, os brasileiros, hoje, como nação e cultura. Novais vê nosso processo de colonização de forma diversa daquela ocorrida em grande parte dos Estados Unidos. Ele condena a pressa de quem enxergou um Brasil pujante à época colonial: pujante era Portugal. Os colonos não detinham o ouro que buscavam, miravam somente no além-mar e deixavam de congregar esforços para formar um mercado interno, uma vida social, um país.
Em processo contrário, na Nova Inglaterra olhava-se para o vizinho que coabitava o território. Todo o esforço acabava nele, e dele vinha uma promessa de futuro. No Brasil, a colônia era inconsciente dessa possibilidade, servil a ponto de uma decisão imperial ter impedido a fabricação de tecido nos míseros teares existentes em 1785.
A decisão da Coroa, explica-nos Novais, não era só ditatorial, mas coerente com a lógica extrativista. Como formar uma indústria no Brasil se não havia consumidor para ela? No século XVIII brasileiro, produzir tecidos para quem? Os escravos, os únicos a quem se destinariam esses produtos, não poderiam constituir um público. Eles, aliás, não perderam essa condição por razões humanistas, mas por uma lógica capitalista incipiente, que precisava tornar repentinamente livres os futuros compradores.
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Rosane Pavam, Plural, Carta Capital, 21 de dezembro de 2005.

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