domingo, 18 de setembro de 2011

De Jobim a Amorim passando pela guerra do Paraguai


Advogado da missão civilizadora do capital estrangeiro, o doutor Nelson Jobim foi posto para correr. Ele deve ter sido indicado ministro da defesa em Wall Street, como alguns outros cipaios do governo Lula.
Dilma faxina a área e nomeia Amorim, um funcionário público que não mantém relações carnais com o capital internacional. Ele tem fama de ser nacionalista. Quando diretor da Embrafilme trocou correspondência com Glauber Rocha, que não embarcou na posição antimilitar das esquerdas, embora considerasse o golpe de 64 um grande infortúnio na história.
San Martin foi militar, Bolívar também, Artigas idem, Perón foi coronel, assim como Hugo Chávez.

Afinal, o golpe de 64 foi militar ou civil?
O Marechal Castelo Branco era amante espiritual de Roberto Campos, o tecnocrata entreguista, liberal e privatizador.

Se Golbery foi o artífice do subimperialismo, São Paulo depois do golpe de 64 é ianque-paulista. A disputa com a Argentina é ridícula, mas tem lógica no projeto balcanizador imperialista: quem é o melhor satélite dos Estados Unidos? Brasil ou Argentina?

Longe de mim afirmar que o verdadeiro amor de Amorim é o cinema de Glauber Rocha, mas alguma coisa ficou na retina do ministro.

A batalha de Guararapes contra o holandês que veio a fim de rapinar a nossa rapadura. A guerrilha através da qual o Exército brasileiro se formou, segundo Gondim da Fonseca.
Guararapes norteou o anti-imperialismo do escritor Oswald de Andrade e despertou admiração patriótica de Leonel Brizola, para quem as Forças Armadas deveriam ajudar a fazer a reforma agrária. Aí sim o Exército seria a vanguarda armada do povo.
Infelizmente o Império brasileiro escravista maculou a imagem do Exército na guerra do Paraguai, aliando-se à burguesia comercial de Buenos Aires e Montevidéu, fazendo o jogo da pérfida Inglaterra.
O Brasil de Dom Pedro II foi subimperialista inglês na guerra do Paraguai, com o objetivo de destruir o capitalismo de Estado de Solano Lopes, no qual não havia latifúndio nem empréstimo estrangeiro.
O plano geopolítico do imperialismo britânico era balcanizar, ou seja, dividir os países da América do Sul. Aí está o sentido histórico da vexatória guerra do Paraguai, a qual será retomada com o golpe de 64. O Brasil torna-se subimperialista norte-americano na América Latina.
Com a unidade da "Pátria Grande" latino-americana, como dizia Jorge Abelardo Ramos, o imperialismo dos Estados Unidos não teria condições de se perpetuar.
A rivalidade com a argentina foi insuflada pelo sinistro general Golbery com a sua "barganha leal" com os EUA, a soldo das multinacionais, influenciado pela escola de Chicago de Milton Friedman, que derrubou Allende no Chile em 1973.

O titio Friedman inspirou também a privatização feagaceana internacional aplaudida de pé pelo doutor Jobim.
Gilberto Felisberto Vasconcelos, sociólogo, jornalista e escritor.
Retirado da revista Caros Amigos 174, setembro de 2011, página 08.

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